sexta-feira, 15 de janeiro de 2010


Um pouco mais de sol- eu era brasa
Um pouco mais de azul de azul - eu era além
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...


Assombro ou paz? Em vão... Todo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma;
E o grande sonho despertado em bruma,


O grande sonho - ó dor! quase vivido...
Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o principio e o fim - quase a expansão
Mas na minh'alma tudo se derrama...


Entanto nada foi só ilusão!
De tudo houve um começo... e tudo errou...
- Ai a dor de ser-quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...


Momentos de alma que desbaratei..
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...`
Ânsias que foram mas que não fixei...


Se me vagueio, encontro só indicios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de heói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precípicios...


Num impeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...


Um pouco mais de sol - e eu fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além,
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...


Mário de Sá Carneiro


Para mim, um excelente poema, que faz reflectir.
Grande poema mesmo. gosto.
Faz-me lembrar tudo o que se passa na vida e que muitas vezes falta-nos só um "quase" para atingirmos o que queremos, e acabamos por o deixar "fugir"...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Mais um dia, mais uma angústia.

Olá.
Mais um dia de vida... mais sofrimento.
è realmente mau acordar com o pressentimento que tudo irá correr mal...
Começar logo de manhã e imediatamente ir-se na rua e começar a chover sem ter-se qualquer resguardo.. Chegar a um ponto e reparar-se que nos esquecemos de metade do material necessário... e ver-mos tudo mas tudo a andar para tras...
O dia vai-se passando e quase tem-se a impressão que se vai desmaiar, ao mesmo tempo permanecem umas dores de barriga imensas durante todo o tempo...
Imediatamente ver-mos que tudo nos passa ao lado...
O pior ainda é a pessoa que amamos parecer-nos estar tão perto mas ao mesmo tempo tão distante... Mal se aprecebe que estamos ali, como se eu fosse um ser invisivel ao qual ele nºao passa a minima atençao... Sentir que ali nunca fomos amados, que algo de estranho se passa e esta-nos mais uma vez a passar ao lado... Pedir-mos um simples acto de afecto e nada... apenas uma imensidão de desculpas...
Estar todo o dia agarrada ao telemovel e nem uma mensagem receber... Fazer uma chamada e imediatamente ser recusada...sem a minima razão...o minimo sentido..
Mais tarde, ouvir bocas de pessoas que não nos sao nada, mas simplesmente têm inveja, sei lá... acharem-se com a mania, e deitar-nos completamente abaixo... mais abaixo do que já se estava...
desata-se a chorar desoladamente... por tudo o que se passa....

E ao fim do dia só se sente um espirito de revolta contra tudo e todos, contra a porcaria de gente que nos rodeia , contra esta vida injusta que temos, contra este mal todo que nos afecta, contra tudo... tudo e simplesmente tudo...
E, agora... tudo o que resta são umas lagrimas de choro...infinitidade de lágrimas, que talvez poderão mais tarde formar um rio de felicidade, espero...